sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Capitulo 5- Mor, o jacaré



NO SÍTIO! A fada se despede de Emília, sai voando e desaparece no céu. Emília vai correndo contar para Narizinho, Pedrinho e Visconde.

— Turma! Turma! Vocês não sabem o que me aconteceu! Perto da entrada para o Capoeirão, encontrei uma fada!

— Uma fada??? — repetiram todos.

— É, uma fada! E vocês não vão acreditar no que ela me falou: Ela disse que eu sou a escolhida! A dona do Cristal dos Sonhos!

— Cristal dos Sonhos? Do que você está falando, Emília? — perguntou o Visconde.

— Ai, ai, ai, seu sabugo embolorado! Me admira que você, um sabugo de tanta leitura, não saiba o que é o Cristal dos Sonhos! Pois fique o senhor sabendo que o Cristal dos Sonhos é o Cristal do Mundo, que faz cada desejo seu se realizar, e te dá poderes inimagináveis se você estiver com ele!

— Uau! Então é por isso que você tem o faz-de-conta! Tem certeza que é dona do Cristal? — disse Pedrinho.

— Sou sim! Eu, a marquesa de Rabicó, dona do Cristal dos Sonhos! E não foi só isso que a fadinha disse, nã-na-ni-na-não! Ela disse que eu sou a única que pode destruir aquela jacaroa bruxona da Cuca! Ai, ai, ai, essa jacaraca! Está atrás do meu Cristal, imaginem! Ih, me lembrei que tenho que ir até o galinheiro urgentemente!

— Mas pra quê? — perguntou Narizinho.

— Ora, pra quê! Pra pegar a chave do mistério que está no ovo da menor galinha do galinheiro, ora bolas! Agora deem licença pra dona do Cristal, que ela tem um mundo a salvar!

Emília, mais metida que nunca, foi até o galinheiro em seu passinho de boneca. A Narizinho, o Pedrinho e o Visconde iam logo atrás, curiosos.
NO CAPOEIRÃO! Cuca está perto da entrada do Sítio. Ela ri consigo mesma.

— HAHAHA! Dessa vez, aquela bonequinha de trapo não me escapa!

— Tenho certeza de que ninguém escapa de você, baby — diz uma voz suave. Cuca se vira e vê quem falou: foi um jacaré. E um jacaré muito bonito e charmoso por sinal. Tinha longos cabelos castanhos, olhos vermelhos e usava vestes roxas (daquelas que Emília chamaria de vestido) com um medalhão no peito. Cuca ajeita o vestido e os ceios (se bem que uma jacaroa não tem ceios, mas ela fez como se tivesse).

— Quem é você, bonitão? — pergunta a bruxona para o jacaré.

— Meu nome é Mor, seu criado, Milady — respondeu o réptil, beijando a mão da Cuca. — E devo dizer que nunca em meus 18 mil anos conheci uma fêmea de nossa espécie tão encantadora.

— Você é bruxo, então? — disse a fêmea. — Que interessante... Quero ver se você tem poder, garanhão!

Mor sorriu, e das suas garras saiu um lampejo roxo, que envolveu uma pedra e a levitou. Depois, Mor a explodiu em mil fragmentos. O bruxo explicou:

— Cada um desses pedacinhos vão para lugares diferentes, e vão formar novos seres malignos.

— Adorável! — disse Cuca, batendo palmas. — Você é mesmo demais, Mor!

— Obrigado, Milady.

— Por favor, me  chame de Cuca.

— Cuca, bela Cuca, poderia me dizer o que uma dama faz neste fim de mundo?

— Infelizmente, eu moro neste fim de mundo.

— Jura? Uma encantadora criatura como você, digna de morar nos mais belos palácio, usar as mais caras roupas e frequentar banquetes e bailes oferecidos por um rei, mora aqui?

— É, moro aqui sim. Mas minha gruta é simplesmente linda e maravilhosa! E não duvide de minhas palavras!

— Eu acredito. Acredito plenamente em suas palavras doces como o mel dos Deuses. — Cuca se derreteu toda com as palavaras de Mor. Ela estava apaixonada, o que não era nenhuma novidade. Ela era uma Cuca que se apaixonava muito facilmente. Mas era a primeira vez que ela se apaixonava por um jacaré. A bruxa estava tão hipnotizada pelas palavras de Mor que nem percebeu quando o bruxo a agarrou e começou à dançar tango com ela. Cuca se derreteu mais ainda.

— Além de poderoso você é também um excelente dançarino? — disse Cuca, batendo os cílios. Mor segurou-a de modo que a cabeça da buxa quase tocasse o chão. Depois, sussurrou, com a boca de jacaré no ouvido (se é que jacaré tem ouvido) da Cuca:

— Sou tudo que você quiser que eu seja... — e beijou-a. Cuca fechou os olhos. Nunca em seus 15 (mil) anos fora beijada. Todos a repiliam. Até os monstros mais monstruosos. Bem dizia Cuca Mãe: Bá Jacaré casa com Jacaré. Depois, Mor a levantou e disse:

— Me daria a honra de me acompanhar em um passeio por estas bandas?

— Infelizmente não posso —  disse a fêmea. — Tenho maldades à fazer. Você me compreende, não?

— Claro, compreendo. É sempre importante exercitar a parte maligna e suja da mente. Mas, perdoe-me a indiscrição, minha rainha... O que é que planeja?

— Bem... Você conhece o Cristal dos Sonhos? — disse a bruxa baixinho para que ninguém ouvisse.

— O Cristal dos Sonhos!? O Cristal do Mundo?! O Cristal que realiza qualquer dese.... — Cuca tapou a boca do macho, que gritava. Ela temia que alguém ouvisse alguma coisa. Já pensou o que aconteceria se o Saci ouvisse?

— Cale a boca! Quero dizer, fique quietinho, meu amado! Não vamos querer que um ser do bem ouça. — E, cochichando no ouvido do novo namorado, contou-lhe toda a história. E contou ainda qual era o seu plano, o que fez o namorado sorrir.

— Oh, Cuca! Como você é maligna! Mal posso esperar para ver você em ação! Vamos logo para esse inferno de sítio, que quero ver minha deusa trabalhando na maldade!

— Ai, ai... assim você me enloquece, lindão! — disse a bruxona, rebolando até o chão. Depois, deu um grito e saiu correndo, com Mor a perseguindo até o Sítio. CONTINUA...

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